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sábado, 24 de julho de 2010

PORRADAS??????


BIRRA E CASTIGO (Tatiana Malheiros Assumpção*)

Poucas coisas conseguem por à prova a paciência e a tranqüilidade dos pais como a birra dos filhos. Não é raro ver situações em que os adultos parecem tão perdidos e descontrolados quanto as crianças. Mas, afinal...

O que é a birra?

A birra, ou raiva passageira, é uma forma imatura de expressar ira ou aborrecimento. Geralmente, manifesta-se através de choro, gritos, pontapés nos móveis, cabeçadas na parede... As crianças ficam vermelhas e depois roxas, chegam a perder o fôlego. Não é nada fácil continuar calmo com um escândalo desses!
Apesar de incômodas, as birras fazem parte do desenvolvimento normal, estando presentes, principalmente, na fase que vai de uma a três ou quatro anos de idade. Na idade escolar, elas já devem ter desaparecido ou ser bastante raras. Obviamente, há diferenças entre as crianças, segundo seu temperamento, sendo que algumas são mais sossegadas que outras. No entanto, uma criança quieta e tranqüila demais é mais motivo de preocupação que outra, que faz birras de vez em quando.

1. Quais são seus motivos?
O surgimento das birras está ligado a processos de autonomização das crianças, ou seja, ao fato de que elas, conforme crescem, vão se tornando mais independentes. O problema é que isso começa a ocorrer num período em que elas ainda são muito pequenas e não podem tomar decisões e cuidar-se sozinhas, levando à vivência de muitas frustrações.
As crianças querem fazer tudo, mexer em tudo, pedir tudo e não podem, por suas próprias limitações. Além disso, os pais devem impedi-las de uma porção de coisas, que não devem ou não podem fazer. Tudo tem seu tempo, mas elas ainda não são capazes de entender isso. Ao contrário dos adultos, as crianças ainda não conseguem adiar um prazer para depois ou esperar para concretizar seus desejos. Querem tudo para já! Isso acontece porque elas ainda não têm a noção de tempo e de futuro, tornando a espera em algo muito difícil. Conforme elas vão crescendo e esse desejo de "quero tudo agora" vai sendo superado, as birras vão diminuindo gradualmente.
Também não se pode esquecer que muitos daqueles que são descritos como maus comportamentos são, na verdade, atitudes que contrariam as idealizações dos pais.

2. Como lidar com a birra?
Para começar, deve-se ensinar as crianças que a birra não funciona e que os pais não mudarão de opinião por causa delas. Por volta dos três anos de idade, já se pode começar a ensinar as crianças a expressar seus sentimentos com palavras, já que sentir raiva é normal, mas devemos expressa-la de forma apropriada. (Dizendo, por exemplo, "você está com raiva porque...").
Quando ele conseguir se controlar, expressando-se corretamente e mostrando-se disposto a cooperar, elogie-o! Não se pode esquecer que todos, as crianças inclusive, gostam de ser reconhecidos em seus esforços e sucessos!
Os critérios de certo e errado também devem ser estáveis e coerentes, para que a criança possa saber exatamente o que pode ou não fazer. Se os pais não conseguem concordar entre si quanto às normas para os filhos, ou se mudam de idéia conforme seu humor, a criança ficará sempre insegura e com medo, sem nunca saber a quais regras deve obedecer. Educa bem quem usa bem as palavras e os atos, acompanhados de "olho no olho" e silêncios cheios de sentido; acertam na educação dos filhos os pais que sabem escutar. Pais que usam palavras vazias e que fingem ser "o amigão", abrindo mão de sua autoridade de pais podem estar cometendo uma "fraude educativa". Castigos e punições excessivos, como também prêmios sem merecimento, podem causar um efeito negativo na formação das crianças.
O melhor a fazer é prevenir, tomando as precauções possíveis para que as crises não ocorram. Muitas crianças tendem a fazer mais pirraças quando estão muito cansadas ou animadas, com fome ou doentes, pois tornam-se menos capazes de enfrentar situações frustrantes. Assim, evitar que a criança fique muito cansada ou excitada faz com que seja possível controlar melhor suas emoções. Interromper ou mudar atividades que sejam muito complexas para ela também ajuda, pois impede que se frustre por não conseguir fazer o que quer.

LEMBRE-SE: O processo educacional deve ser de caráter preventivo e contínuo (e não apenas sermões e surras na hora das crises). Mas nem sempre a prevenção funciona.

Nesse caso, o melhor é começar pelo que não fazer. Os pais devem ser um bom modelo de auto-controle, sem perder a calma, sem gritar e sem bater na hora de lidar com as birras dos filhos. Muitas vezes, o mais difícil quando se enfrenta uma criança muito irritada é controlar a própria raiva. (E há pais que acabam fazendo "pirraças de adultos" em resposta às birras dos filhos!).
Também não se deve ceder, pois então a criança pode encontrar nas birras um modo de conseguir tudo o que quer, tornando o comportamento cada vez pior. As explicações podem ser oportunas, mas apenas depois que a crise passar. Tentar explicar qualquer coisa durante um ataque de raiva é perda de tempo.
Sabido o que não fazer, vamos passar agora ao que pode ser feito, uma vez que as birras já estejam em andamento:
Apoiar e estimular a criança que faz birra por frustração ou cansaço: se a criança não consegue fazer algo (por exemplo, um jogo mais complexo ou o dever de casa), o melhor é demonstrar compreensão e oferecer ajuda. Levar uma bronca porque não conseguiu resolver o problema de matemática só piora a decepção da criança consigo mesma.
Não dar importância para as birras motivadas pelo desejo de chamar a atenção ou conseguir algo: enquanto a criança continuar no lugar e não apresentar comportamento destrutivo, pode-se deixá-la fazer pirraça tranqüilamente. Muitas vezes, se vence pelo cansaço. Expressar seu desagrado com palavras, sem perder o controle e sem discutir, e mudar de cômodo também ajudam. Depois que a crise passar, deve-se assumir uma atitude amistosa e normalizar as coisas. (Lembre-se: birra de adulto só piora o problema!).
Arrastar fisicamente a criança que tem uma birra porque não quer fazer algo importante: se a criança se nega a fazer algo sem importância, como tomar um lanche ou descansar na cama ao invés do sofá, ignore o problema antes que aconteça a birra. Por outro lado, se a criança se recusar a fazer algo importante, como ir para a escola ou deitar-se para dormir, obrigue-a a cumprir o dever e ignore as birras. Avisar alguns minutos antes que tal ou qual coisa deverá ser feita pode evitar algumas crises, mas se a birra começou, deixe que se estenda por dois ou três minutos e leve a crianças para onde tem que ir, mesmo que seja necessário puxá-la pelos braços (sem violência).
Utilizar castigos temporários se a criança tem comportamentos perturbadores ou destrutivos, lembrando sempre que os castigos devem ter por objetivo dar normas e limites a ela: levar a criança para seu quarto e mandar que fique lá por alguns minutos (três a cinco) serve como punição para comportamentos inaceitáveis (como agressão física ou destruição de objetos da casa).
Dominar a criança quando ela tiver birras que possam causar danos ou machucar alguém: se a criança perder o controle totalmente, pode ser necessário contê-la fisicamente (a melhor forma é segurando-a por trás, mantendo seu corpo em contato com as costas dela e os braços ao redor de seu corpo, segurando os dela). Deve-se fazer isso também quando a criança corre o risco de se machucar (por exemplo, quando se joga violentamente para trás), mantendo-a no colo até que ela se acalme e comece a relaxar.
Se as birras acontecem em locais públicos, o melhor a fazer é agir como em casa: levar a criança para um canto e esperar que se acalme. A prevenção também funciona, evitando levar a criança a situações que ela não é capaz de suportar (um dia de compras muito longo, por exemplo) e procurando distraí-la enquanto se faz outra atividade.

3. E as famosas palmadas?
Embora um tapa e um espancamento sejam diferentes, o princípio que rege os dois tipos de atitude é exatamente o mesmo: utilizar a força, o poder e o medo para conseguir alguma coisa. No caso das crianças, que obedeçam alguma ordem ou que interrompam um comportamento inadequado ou uma crise de birra. O problema é que bater em crianças pode resolver o problema no momento, mas é um ótimo jeito de criar monstrinhos no futuro.
Uma surra pode ter um efeito imediato, mas a longo prazo a criança voltará a ter o mesmo comportamento anterior. Afinal, o fato de dar um tapa ou uma surra por causa de um comportamento errado não fará com que o comportamento certo apareça. A criança precisa ser ensinada a fazer o que é certo, através de explicações e conversas. Muitas vezes, a criança faz algo de errado sem saber que aquilo não podia ser feito.
Na verdade, muitos pais preferem a surra porque é mais fácil e toma menos tempo que uma conversa, além de fazer com que a criança pare imediatamente de ter o mau comportamento (afinal, dor e choro são incompatíveis com qualquer outra atividade). Mas, como já foi visto, essa interrupção é apenas temporária, enquanto a dor (ou sua lembrança) estiver lá e a pessoa que deu o castigo estiver por perto.
O castigo físico provoca reações emocionais, como medo, choro e ansiedade, que podem aparecer em outras situações que não as de punição. Se as surras forem muito intensas ou freqüentes, essas respostas emocionais podem se tornar parte da personalidade dessas crianças, prejudicando-as para o resto de suas vidas. Além disso, a palmada não resolve os conflitos entre pais e filhos e pode piorar cada vez mais as relações, pois em vez de pensar no que fez, a criança fica com raiva de quem a agrediu e perde a confiança nos pais, que é a base para que ela se sinta amparada e segura em sua vida.
Por outro lado, a criança pode aprender que é através da agressão física que se consegue o que se quer, passando a apresentar condutas agressivas em casa e na escola e a esconder tudo o que fizeram com medo da punição.
Outras conseqüências negativas do castigo físico contra crianças são:
- Auto-estima negativa
- Comportamento agressivo
- Dificuldades de relacionamento
- Dificuldades em acreditar nos outros
- Infelicidade generalizada
- Mau desempenho na escola

4. E se a birra não for normal?
Apesar de tudo, existem situações em que as birras saem do controle e as medidas que discutimos são ineficazes ou insuficientes. Nesse caso, é necessário um auxílio profissional (de médicos ou psicólogos), que estejam habilitados a atender crianças no seu dia a dia.
Deve-se procurar ajuda se:
- A criança se machucar ou machucar os outros durante as birras
- As birras ocorrerem cinco ou mais vezes por dia
- As birras também acontecerem na escola
- A criança tiver vários outros problemas de comportamento
- Algum dos pais (ou cuidadores) também tiver episódios de raiva, gritos ou agressividade e não conseguir se controlar
- As recomendações contidas neste folheto não surtirem efeito em duas semanas
- Restarem outras dúvidas ou preocupações

*Psiquiatra da Infância
Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

FONTE: http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=51

MAU COMPORTAMENTO E AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA
Susan Meire Mondoni *
Muitas crianças agressivas ou com mau comportamento apresentam, na verdade, um sofrimento psíquico. Ao contrário do que se pensava, os transtornos mentais podem iniciar-se já na fase infantil, sendo então bastante devastadores na vida do indivíduo.A alteração comportamental é uma das maneiras mais comuns de a criança manifestar: tristeza, medo, ansiedade, inveja, baixa auto-estima, ou sofrimentos psíquicos de outra natureza.
É incomum que a criança consiga verbalizar seu sofrimento. Ela ainda não possui linguagem e pensamento amadurecidos para isso. Isto acontece porque a criança encontrase ainda em DESENVOLVIMENTO e, a imaturidade dos seus sistemas nervoso e emocional faz com que ela tenha muito mais manifestações corporais do que verbais.
As crianças podem tornar-se agressivas, terem queda de seu rendimento escolar ou mesmo mudarem sua “personalidade” em decorrência de um estresse emocional ou até mesmo um transtorno psiquiátrico mais sério.
O mau-comportamento deve servir de alerta aos pais, para procurarem ajuda para seus filhos. O diagnóstico e tratamento precoces podem evitar isto!
Costumamos graduar o mau-comportamento de crianças e adolescentes segundo a seguinte escala:
1. desobediência;
2. mentira;
3. roubo;
4. cabular aula;
5. fuga;
6. destruição;
7. incendiarismo;
8. abuso de drogas;
9. crueldade;
10. violência.
Esta escala descreve uma evolução do mau-comportamento em termos de gravidade e de evolução ao longo da vida, ou seja: crianças pequenas que começam a apresentar desobediência, poderão usar drogas e cometer atos violentos na adolescência.
1 - Desobediência – desobedecer significa contrariar a autoridade do outro, quer sejam os pais, professor, etc. Ela pode se manifestar de diversas maneiras:
- passividade: a criança ouve, fica quieta e faz o que quer;
- enfrentamento pela negativa: “não quero”; “não vou”;
- negativismo, ou seja, agir pelo não: faz exatamente o contrário do que lhe foi solicitado.
Muitas crianças pequenas desobedientes apresentam, na verdade, o que chamamos Transtorno Opositor Desafiante: é um padrão constante e repetitivo de enfrentamento e desobediência, que acaba por interferir no desenvolvimento da personalidade da criança, tornando-a susceptível a desenvolver comportamentos mais sérios na adolescência/ vida adulta, como uso de drogas ou delinqüência.
2 - Mentira – é uma atitude voluntária de falsificar a verdade. Começa a aparecer em geral, após os 3 anos de idade. Antes disso, o que temos são fantasias e não mentiras propriamente ditas.
Existem 3 principais motivos que levam uma criança a mentir:
- quando teme alguma coisa (apanhar, por exemplo): quando as crianças não têm muita liberdade para expressarem seus sentimentos ou ações (um ambiente muito repressor e/ou violento), acabam aprendendo a mentir como forma de receberem menos punições;
- quando quer alguma coisa: ambientes que nunca gratificam a criança podem fazer com que ela passe a mentir ou até simular doenças, para conseguir o que quer;
- quando quer mostrar que conhece a falsidade: pessoas que cuidam de crianças (pais, cuidadores, professores, etc) e que possuem o hábito de mentir, inventar histórias, prometer coisas que depois não cumprirão, podem fazer com que as crianças passem a apresentar este mesmo tipo de comportamento, como espécie de imitação.
3 - Roubo – a partir dos 2 anos, a criança passa a ter noção do “meu” e do “teu”; dos 3 para 4 anos, ela passa de fato a ter noção de propriedade e, portanto, todo roubo que ela passar a realizar a partir daí, será consciente e acompanhado da noção de culpa.
Devemos avaliar o que a criança rouba: é menos grave roubar um objeto bonito e que lhe chame muito a atenção do que roubar um objeto do cotidiano, que não tenha nenhum atrativo visual. Assim, não devemos medir a gravidade do ato de roubar de uma criança pelo valor do objeto mas sim, pela compreensividade de aquele objeto ter despertado o interesse e a curiosidade daquela criança. Assim, roubar um lápis pode ser mais grave do que roubar um enfeite qualquer de cristal.
4 - Cabular aulas – mais comum em crianças maiores, a partir do 6º. ano (antiga 5ª. série) do ensino fundamental. Esta “transgressão” pode estar associada a uma série de fatores: impaciência em permanecer na sala de aula; não acompanhamento do conteúdo escolar; seguir o grupo; sentimentos de inadequação com relação aos outros colegas de classe, entre outros.
O ato de cabular aula, isoladamente, pode não ser nada de mais. Faz parte do desenvolvimento normal, principalmente na fase da adolescência, apresentar este tipo de comportamento. Cabe aos pais e à escola investigar as possíveis causas do comportamento e impedir novos episódios.
Muitas vezes, entretanto, esta é a exteriorização de algum sofrimento psíquicoemocional pelo qual a criança ou o adolescente estejam passando. A ajuda de profissionais especializados nestes problemas e nesta faixa etária, poderá minimizar possíveis conseqüências desastrosas para o futuro.
5 - Fuga – uma criança de 2 ou 3 anos pode já apresentar “escapadas” de casa: sair para ir à algum lugar. Há uma finalidade consciente, mas não há ainda uma consciência plena de “transgressão”.
Na fuga propriamente dita, além de haver maior clareza, por parte da criança, sobre seu “ato transgressor”, não há uma finalidade no comportamento em si. Neste sentido, ele é muito mais preocupante e pode indicar presença de doenças psíquicas ou emocionais na criança.
6 - Destruição – geralmente indica uma descarga de agressividade. A maneira como o adulto lida com isso será fundamental para a evolução deste comportamento, que poderá ser benigna, com sua extinção ou maligna, com evolução para comportamentos delinqüênciais.
Algumas doenças neurológicas ou psiquiátricas podem estar envolvidas e, crianças que apresentam episódios de destruição muito intensos ou muito freqüentes deverão ser vistas por um especialista.
7 - Incendiarismo – é a destruição pelo fogo. Pode iniciar-se numa criança, apenas como forma de ela “medir” o seu poder. Mas pode evoluir de uma maneira bastante negativa, como forma de ato vingativo, tornando-se assim um ato delinqüencial. Neste caso, estará sempre ligado a aspectos de afetividade intensa (ódio, inveja, etc) e poucos recursos para conter estes afetos.
8 - Abuso de drogas – as drogas alteram nosso estado de consciência e, em geral, trazem sensações físicas agradáveis, razão pela qual seus usuários buscam repetir seus efeitos, tornando-se assim dependentes.
Em nosso meio, é cada vez mais precoce a experimentação de substâncias ilícitas. No adolescente a experimentação, por si só, não constitui um comportamento patológico; ela está incluída numa atitude global de busca por novas experiências que lhe façam sentido, na construção de uma identidade. Entretanto, alguns fatores de risco estão associados à manutenção deste uso:
- A curiosidade natural do adolescente é um dos fatores de risco mais importantes, posto ser o que o moverá para experimentar a substância, estando assim sob risco de desenvolver dependência;
- O fácil acesso às drogas e as oportunidades de uso;
- Ser do sexo masculino (meninos experimentam mais do que as meninas);
- Influência de modismos;
- Condições familiares, tanto pelo aspecto genético (filhos de pais dependentes apresentam 4 vezes mais chance de o serem também) quanto pelos aspectos ambientais, fortemente relacionados ao início do uso;
- Uso de drogas por pais e/ ou amigos;
- Relacionamento ruim com os pais;
- Fatores internos do adolescente, como insatisfação e não-realização em suas atividades, insegurança, baixa auto-estima e sintomas depressivos;
- Baixo desempenho escolar.
O uso de drogas afeta diretamente o desenvolvimento da criança e do adolescente, principalmente com relação às funções cognitivas (capacidade de raciocinar, aprendizagem, etc), capacidade de julgamento, humor e os relacionamentos interpessoais. Quanto mais precoce o início do uso, maiores serão as deficiências nestas áreas.
9 - Crueldade – aqui, o impulso destrutivo não é movido pela emoção violenta, mas sim pelo prazer que o indivíduo sente em ver o sofrimento alheio, quer seja de outra pessoa ou um animal. Quanto menor a idade da criança, mais grave serão as conseqüências deste tipo de atitude em seu desenvolvimento.
10 - Violência e conduta anti-social – crianças e adolescentes com comportamentos violentos e “anti-sociais” recorrentes apresentam o que chamamos “Transtorno de Conduta”. Dentre suas características, destacam-se:
- tendência permanente para apresentar comportamentos que incomodam e perturbam;
- envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais;
- não apresentam sofrimento psíquico ou constrangimento com as próprias atitudes;
- não se importam em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos;
- não possuem capacidade de aprender com as conseqüências negativas dos seu próprios atos.
O transtorno de conduta está geralmente associado ao baixo rendimento escolar e a problemas de relacionamento com colegas.
É importante lembrar que crianças vítimas de violência podem apresentar comportamentos anti-sociais como reação de estresse.
O tratamento para todos estes transtornos acima citados requer, muitas vezes, as abordagens psicoterápica, medicamentosa ou ambas. Sua duração é, em geral, bem menor que o tratamento do adulto e, quanto mais cedo for iniciado, menor a chance de evoluir para um transtorno crônico na vida adulta, com necessidade de tratamento para o resto da vida.
* Psiquiatra da Infância. Mestranda do Instituto de Psicologia da USP
Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)Site do PDD: http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com
Artigo disponível em:
http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com/resources/MAU%20COMPORTAMENTO%20E%20AGRESSIVIDADE%20NA%20INF%C3%82NCIA.pdf

FONTE:http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=50

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