quarta-feira, 28 de julho de 2010
NÃO BATA, EDUQUE!
terça-feira, 27 de julho de 2010
JORNAL HOJE (Rede Globo)
Hoje, no Jornal Hoje teve:
- Orientação de volta ás aulas: Acompanhe seus filhos na escola, se tiverem com notas baixas, ainda é possível recuperá-las. Tem que estudar diariamente em casa. Fazer toda a tarefa de casa.
- Não fique por aí tomando analgésico a torto e direito. Eles podem até aliviar a dor, mas, normalmente, escondem a verdadeira causa da dor.
NA GLOBO!
FOI UMA BELEZA!
É GLOBELEZA!
sábado, 24 de julho de 2010
PORRADAS??????
BIRRA E CASTIGO (Tatiana Malheiros Assumpção*)
Poucas coisas conseguem por à prova a paciência e a tranqüilidade dos pais como a birra dos filhos. Não é raro ver situações em que os adultos parecem tão perdidos e descontrolados quanto as crianças. Mas, afinal...
O que é a birra?
A birra, ou raiva passageira, é uma forma imatura de expressar ira ou aborrecimento. Geralmente, manifesta-se através de choro, gritos, pontapés nos móveis, cabeçadas na parede... As crianças ficam vermelhas e depois roxas, chegam a perder o fôlego. Não é nada fácil continuar calmo com um escândalo desses!
Apesar de incômodas, as birras fazem parte do desenvolvimento normal, estando presentes, principalmente, na fase que vai de uma a três ou quatro anos de idade. Na idade escolar, elas já devem ter desaparecido ou ser bastante raras. Obviamente, há diferenças entre as crianças, segundo seu temperamento, sendo que algumas são mais sossegadas que outras. No entanto, uma criança quieta e tranqüila demais é mais motivo de preocupação que outra, que faz birras de vez em quando.
1. Quais são seus motivos?
O surgimento das birras está ligado a processos de autonomização das crianças, ou seja, ao fato de que elas, conforme crescem, vão se tornando mais independentes. O problema é que isso começa a ocorrer num período em que elas ainda são muito pequenas e não podem tomar decisões e cuidar-se sozinhas, levando à vivência de muitas frustrações.
As crianças querem fazer tudo, mexer em tudo, pedir tudo e não podem, por suas próprias limitações. Além disso, os pais devem impedi-las de uma porção de coisas, que não devem ou não podem fazer. Tudo tem seu tempo, mas elas ainda não são capazes de entender isso. Ao contrário dos adultos, as crianças ainda não conseguem adiar um prazer para depois ou esperar para concretizar seus desejos. Querem tudo para já! Isso acontece porque elas ainda não têm a noção de tempo e de futuro, tornando a espera em algo muito difícil. Conforme elas vão crescendo e esse desejo de "quero tudo agora" vai sendo superado, as birras vão diminuindo gradualmente.
Também não se pode esquecer que muitos daqueles que são descritos como maus comportamentos são, na verdade, atitudes que contrariam as idealizações dos pais.
2. Como lidar com a birra?
Para começar, deve-se ensinar as crianças que a birra não funciona e que os pais não mudarão de opinião por causa delas. Por volta dos três anos de idade, já se pode começar a ensinar as crianças a expressar seus sentimentos com palavras, já que sentir raiva é normal, mas devemos expressa-la de forma apropriada. (Dizendo, por exemplo, "você está com raiva porque...").
Quando ele conseguir se controlar, expressando-se corretamente e mostrando-se disposto a cooperar, elogie-o! Não se pode esquecer que todos, as crianças inclusive, gostam de ser reconhecidos em seus esforços e sucessos!
Os critérios de certo e errado também devem ser estáveis e coerentes, para que a criança possa saber exatamente o que pode ou não fazer. Se os pais não conseguem concordar entre si quanto às normas para os filhos, ou se mudam de idéia conforme seu humor, a criança ficará sempre insegura e com medo, sem nunca saber a quais regras deve obedecer. Educa bem quem usa bem as palavras e os atos, acompanhados de "olho no olho" e silêncios cheios de sentido; acertam na educação dos filhos os pais que sabem escutar. Pais que usam palavras vazias e que fingem ser "o amigão", abrindo mão de sua autoridade de pais podem estar cometendo uma "fraude educativa". Castigos e punições excessivos, como também prêmios sem merecimento, podem causar um efeito negativo na formação das crianças.
O melhor a fazer é prevenir, tomando as precauções possíveis para que as crises não ocorram. Muitas crianças tendem a fazer mais pirraças quando estão muito cansadas ou animadas, com fome ou doentes, pois tornam-se menos capazes de enfrentar situações frustrantes. Assim, evitar que a criança fique muito cansada ou excitada faz com que seja possível controlar melhor suas emoções. Interromper ou mudar atividades que sejam muito complexas para ela também ajuda, pois impede que se frustre por não conseguir fazer o que quer.
LEMBRE-SE: O processo educacional deve ser de caráter preventivo e contínuo (e não apenas sermões e surras na hora das crises). Mas nem sempre a prevenção funciona.
Nesse caso, o melhor é começar pelo que não fazer. Os pais devem ser um bom modelo de auto-controle, sem perder a calma, sem gritar e sem bater na hora de lidar com as birras dos filhos. Muitas vezes, o mais difícil quando se enfrenta uma criança muito irritada é controlar a própria raiva. (E há pais que acabam fazendo "pirraças de adultos" em resposta às birras dos filhos!).
Também não se deve ceder, pois então a criança pode encontrar nas birras um modo de conseguir tudo o que quer, tornando o comportamento cada vez pior. As explicações podem ser oportunas, mas apenas depois que a crise passar. Tentar explicar qualquer coisa durante um ataque de raiva é perda de tempo.
Sabido o que não fazer, vamos passar agora ao que pode ser feito, uma vez que as birras já estejam em andamento:
Apoiar e estimular a criança que faz birra por frustração ou cansaço: se a criança não consegue fazer algo (por exemplo, um jogo mais complexo ou o dever de casa), o melhor é demonstrar compreensão e oferecer ajuda. Levar uma bronca porque não conseguiu resolver o problema de matemática só piora a decepção da criança consigo mesma.
Não dar importância para as birras motivadas pelo desejo de chamar a atenção ou conseguir algo: enquanto a criança continuar no lugar e não apresentar comportamento destrutivo, pode-se deixá-la fazer pirraça tranqüilamente. Muitas vezes, se vence pelo cansaço. Expressar seu desagrado com palavras, sem perder o controle e sem discutir, e mudar de cômodo também ajudam. Depois que a crise passar, deve-se assumir uma atitude amistosa e normalizar as coisas. (Lembre-se: birra de adulto só piora o problema!).
Arrastar fisicamente a criança que tem uma birra porque não quer fazer algo importante: se a criança se nega a fazer algo sem importância, como tomar um lanche ou descansar na cama ao invés do sofá, ignore o problema antes que aconteça a birra. Por outro lado, se a criança se recusar a fazer algo importante, como ir para a escola ou deitar-se para dormir, obrigue-a a cumprir o dever e ignore as birras. Avisar alguns minutos antes que tal ou qual coisa deverá ser feita pode evitar algumas crises, mas se a birra começou, deixe que se estenda por dois ou três minutos e leve a crianças para onde tem que ir, mesmo que seja necessário puxá-la pelos braços (sem violência).
Utilizar castigos temporários se a criança tem comportamentos perturbadores ou destrutivos, lembrando sempre que os castigos devem ter por objetivo dar normas e limites a ela: levar a criança para seu quarto e mandar que fique lá por alguns minutos (três a cinco) serve como punição para comportamentos inaceitáveis (como agressão física ou destruição de objetos da casa).
Dominar a criança quando ela tiver birras que possam causar danos ou machucar alguém: se a criança perder o controle totalmente, pode ser necessário contê-la fisicamente (a melhor forma é segurando-a por trás, mantendo seu corpo em contato com as costas dela e os braços ao redor de seu corpo, segurando os dela). Deve-se fazer isso também quando a criança corre o risco de se machucar (por exemplo, quando se joga violentamente para trás), mantendo-a no colo até que ela se acalme e comece a relaxar.
Se as birras acontecem em locais públicos, o melhor a fazer é agir como em casa: levar a criança para um canto e esperar que se acalme. A prevenção também funciona, evitando levar a criança a situações que ela não é capaz de suportar (um dia de compras muito longo, por exemplo) e procurando distraí-la enquanto se faz outra atividade.
3. E as famosas palmadas?
Embora um tapa e um espancamento sejam diferentes, o princípio que rege os dois tipos de atitude é exatamente o mesmo: utilizar a força, o poder e o medo para conseguir alguma coisa. No caso das crianças, que obedeçam alguma ordem ou que interrompam um comportamento inadequado ou uma crise de birra. O problema é que bater em crianças pode resolver o problema no momento, mas é um ótimo jeito de criar monstrinhos no futuro.
Uma surra pode ter um efeito imediato, mas a longo prazo a criança voltará a ter o mesmo comportamento anterior. Afinal, o fato de dar um tapa ou uma surra por causa de um comportamento errado não fará com que o comportamento certo apareça. A criança precisa ser ensinada a fazer o que é certo, através de explicações e conversas. Muitas vezes, a criança faz algo de errado sem saber que aquilo não podia ser feito.
Na verdade, muitos pais preferem a surra porque é mais fácil e toma menos tempo que uma conversa, além de fazer com que a criança pare imediatamente de ter o mau comportamento (afinal, dor e choro são incompatíveis com qualquer outra atividade). Mas, como já foi visto, essa interrupção é apenas temporária, enquanto a dor (ou sua lembrança) estiver lá e a pessoa que deu o castigo estiver por perto.
O castigo físico provoca reações emocionais, como medo, choro e ansiedade, que podem aparecer em outras situações que não as de punição. Se as surras forem muito intensas ou freqüentes, essas respostas emocionais podem se tornar parte da personalidade dessas crianças, prejudicando-as para o resto de suas vidas. Além disso, a palmada não resolve os conflitos entre pais e filhos e pode piorar cada vez mais as relações, pois em vez de pensar no que fez, a criança fica com raiva de quem a agrediu e perde a confiança nos pais, que é a base para que ela se sinta amparada e segura em sua vida.
Por outro lado, a criança pode aprender que é através da agressão física que se consegue o que se quer, passando a apresentar condutas agressivas em casa e na escola e a esconder tudo o que fizeram com medo da punição.
Outras conseqüências negativas do castigo físico contra crianças são:
- Auto-estima negativa
- Comportamento agressivo
- Dificuldades de relacionamento
- Dificuldades em acreditar nos outros
- Infelicidade generalizada
- Mau desempenho na escola
4. E se a birra não for normal?
Apesar de tudo, existem situações em que as birras saem do controle e as medidas que discutimos são ineficazes ou insuficientes. Nesse caso, é necessário um auxílio profissional (de médicos ou psicólogos), que estejam habilitados a atender crianças no seu dia a dia.
Deve-se procurar ajuda se:
- A criança se machucar ou machucar os outros durante as birras
- As birras ocorrerem cinco ou mais vezes por dia
- As birras também acontecerem na escola
- A criança tiver vários outros problemas de comportamento
- Algum dos pais (ou cuidadores) também tiver episódios de raiva, gritos ou agressividade e não conseguir se controlar
- As recomendações contidas neste folheto não surtirem efeito em duas semanas
- Restarem outras dúvidas ou preocupações
*Psiquiatra da Infância
Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)
FONTE: http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=51
MAU COMPORTAMENTO E AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA
Susan Meire Mondoni *
Muitas crianças agressivas ou com mau comportamento apresentam, na verdade, um sofrimento psíquico. Ao contrário do que se pensava, os transtornos mentais podem iniciar-se já na fase infantil, sendo então bastante devastadores na vida do indivíduo.A alteração comportamental é uma das maneiras mais comuns de a criança manifestar: tristeza, medo, ansiedade, inveja, baixa auto-estima, ou sofrimentos psíquicos de outra natureza.
É incomum que a criança consiga verbalizar seu sofrimento. Ela ainda não possui linguagem e pensamento amadurecidos para isso. Isto acontece porque a criança encontrase ainda em DESENVOLVIMENTO e, a imaturidade dos seus sistemas nervoso e emocional faz com que ela tenha muito mais manifestações corporais do que verbais.
As crianças podem tornar-se agressivas, terem queda de seu rendimento escolar ou mesmo mudarem sua “personalidade” em decorrência de um estresse emocional ou até mesmo um transtorno psiquiátrico mais sério.
O mau-comportamento deve servir de alerta aos pais, para procurarem ajuda para seus filhos. O diagnóstico e tratamento precoces podem evitar isto!
Costumamos graduar o mau-comportamento de crianças e adolescentes segundo a seguinte escala:
1. desobediência;
2. mentira;
3. roubo;
4. cabular aula;
5. fuga;
6. destruição;
7. incendiarismo;
8. abuso de drogas;
9. crueldade;
10. violência.
Esta escala descreve uma evolução do mau-comportamento em termos de gravidade e de evolução ao longo da vida, ou seja: crianças pequenas que começam a apresentar desobediência, poderão usar drogas e cometer atos violentos na adolescência.
1 - Desobediência – desobedecer significa contrariar a autoridade do outro, quer sejam os pais, professor, etc. Ela pode se manifestar de diversas maneiras:
- passividade: a criança ouve, fica quieta e faz o que quer;
- enfrentamento pela negativa: “não quero”; “não vou”;
- negativismo, ou seja, agir pelo não: faz exatamente o contrário do que lhe foi solicitado.
Muitas crianças pequenas desobedientes apresentam, na verdade, o que chamamos Transtorno Opositor Desafiante: é um padrão constante e repetitivo de enfrentamento e desobediência, que acaba por interferir no desenvolvimento da personalidade da criança, tornando-a susceptível a desenvolver comportamentos mais sérios na adolescência/ vida adulta, como uso de drogas ou delinqüência.
2 - Mentira – é uma atitude voluntária de falsificar a verdade. Começa a aparecer em geral, após os 3 anos de idade. Antes disso, o que temos são fantasias e não mentiras propriamente ditas.
Existem 3 principais motivos que levam uma criança a mentir:
- quando teme alguma coisa (apanhar, por exemplo): quando as crianças não têm muita liberdade para expressarem seus sentimentos ou ações (um ambiente muito repressor e/ou violento), acabam aprendendo a mentir como forma de receberem menos punições;
- quando quer alguma coisa: ambientes que nunca gratificam a criança podem fazer com que ela passe a mentir ou até simular doenças, para conseguir o que quer;
- quando quer mostrar que conhece a falsidade: pessoas que cuidam de crianças (pais, cuidadores, professores, etc) e que possuem o hábito de mentir, inventar histórias, prometer coisas que depois não cumprirão, podem fazer com que as crianças passem a apresentar este mesmo tipo de comportamento, como espécie de imitação.
3 - Roubo – a partir dos 2 anos, a criança passa a ter noção do “meu” e do “teu”; dos 3 para 4 anos, ela passa de fato a ter noção de propriedade e, portanto, todo roubo que ela passar a realizar a partir daí, será consciente e acompanhado da noção de culpa.
Devemos avaliar o que a criança rouba: é menos grave roubar um objeto bonito e que lhe chame muito a atenção do que roubar um objeto do cotidiano, que não tenha nenhum atrativo visual. Assim, não devemos medir a gravidade do ato de roubar de uma criança pelo valor do objeto mas sim, pela compreensividade de aquele objeto ter despertado o interesse e a curiosidade daquela criança. Assim, roubar um lápis pode ser mais grave do que roubar um enfeite qualquer de cristal.
4 - Cabular aulas – mais comum em crianças maiores, a partir do 6º. ano (antiga 5ª. série) do ensino fundamental. Esta “transgressão” pode estar associada a uma série de fatores: impaciência em permanecer na sala de aula; não acompanhamento do conteúdo escolar; seguir o grupo; sentimentos de inadequação com relação aos outros colegas de classe, entre outros.
O ato de cabular aula, isoladamente, pode não ser nada de mais. Faz parte do desenvolvimento normal, principalmente na fase da adolescência, apresentar este tipo de comportamento. Cabe aos pais e à escola investigar as possíveis causas do comportamento e impedir novos episódios.
Muitas vezes, entretanto, esta é a exteriorização de algum sofrimento psíquicoemocional pelo qual a criança ou o adolescente estejam passando. A ajuda de profissionais especializados nestes problemas e nesta faixa etária, poderá minimizar possíveis conseqüências desastrosas para o futuro.
5 - Fuga – uma criança de 2 ou 3 anos pode já apresentar “escapadas” de casa: sair para ir à algum lugar. Há uma finalidade consciente, mas não há ainda uma consciência plena de “transgressão”.
Na fuga propriamente dita, além de haver maior clareza, por parte da criança, sobre seu “ato transgressor”, não há uma finalidade no comportamento em si. Neste sentido, ele é muito mais preocupante e pode indicar presença de doenças psíquicas ou emocionais na criança.
6 - Destruição – geralmente indica uma descarga de agressividade. A maneira como o adulto lida com isso será fundamental para a evolução deste comportamento, que poderá ser benigna, com sua extinção ou maligna, com evolução para comportamentos delinqüênciais.
Algumas doenças neurológicas ou psiquiátricas podem estar envolvidas e, crianças que apresentam episódios de destruição muito intensos ou muito freqüentes deverão ser vistas por um especialista.
7 - Incendiarismo – é a destruição pelo fogo. Pode iniciar-se numa criança, apenas como forma de ela “medir” o seu poder. Mas pode evoluir de uma maneira bastante negativa, como forma de ato vingativo, tornando-se assim um ato delinqüencial. Neste caso, estará sempre ligado a aspectos de afetividade intensa (ódio, inveja, etc) e poucos recursos para conter estes afetos.
8 - Abuso de drogas – as drogas alteram nosso estado de consciência e, em geral, trazem sensações físicas agradáveis, razão pela qual seus usuários buscam repetir seus efeitos, tornando-se assim dependentes.
Em nosso meio, é cada vez mais precoce a experimentação de substâncias ilícitas. No adolescente a experimentação, por si só, não constitui um comportamento patológico; ela está incluída numa atitude global de busca por novas experiências que lhe façam sentido, na construção de uma identidade. Entretanto, alguns fatores de risco estão associados à manutenção deste uso:
- A curiosidade natural do adolescente é um dos fatores de risco mais importantes, posto ser o que o moverá para experimentar a substância, estando assim sob risco de desenvolver dependência;
- O fácil acesso às drogas e as oportunidades de uso;
- Ser do sexo masculino (meninos experimentam mais do que as meninas);
- Influência de modismos;
- Condições familiares, tanto pelo aspecto genético (filhos de pais dependentes apresentam 4 vezes mais chance de o serem também) quanto pelos aspectos ambientais, fortemente relacionados ao início do uso;
- Uso de drogas por pais e/ ou amigos;
- Relacionamento ruim com os pais;
- Fatores internos do adolescente, como insatisfação e não-realização em suas atividades, insegurança, baixa auto-estima e sintomas depressivos;
- Baixo desempenho escolar.
O uso de drogas afeta diretamente o desenvolvimento da criança e do adolescente, principalmente com relação às funções cognitivas (capacidade de raciocinar, aprendizagem, etc), capacidade de julgamento, humor e os relacionamentos interpessoais. Quanto mais precoce o início do uso, maiores serão as deficiências nestas áreas.
9 - Crueldade – aqui, o impulso destrutivo não é movido pela emoção violenta, mas sim pelo prazer que o indivíduo sente em ver o sofrimento alheio, quer seja de outra pessoa ou um animal. Quanto menor a idade da criança, mais grave serão as conseqüências deste tipo de atitude em seu desenvolvimento.
10 - Violência e conduta anti-social – crianças e adolescentes com comportamentos violentos e “anti-sociais” recorrentes apresentam o que chamamos “Transtorno de Conduta”. Dentre suas características, destacam-se:
- tendência permanente para apresentar comportamentos que incomodam e perturbam;
- envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais;
- não apresentam sofrimento psíquico ou constrangimento com as próprias atitudes;
- não se importam em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos;
- não possuem capacidade de aprender com as conseqüências negativas dos seu próprios atos.
O transtorno de conduta está geralmente associado ao baixo rendimento escolar e a problemas de relacionamento com colegas.
É importante lembrar que crianças vítimas de violência podem apresentar comportamentos anti-sociais como reação de estresse.
O tratamento para todos estes transtornos acima citados requer, muitas vezes, as abordagens psicoterápica, medicamentosa ou ambas. Sua duração é, em geral, bem menor que o tratamento do adulto e, quanto mais cedo for iniciado, menor a chance de evoluir para um transtorno crônico na vida adulta, com necessidade de tratamento para o resto da vida.
* Psiquiatra da Infância. Mestranda do Instituto de Psicologia da USP
Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)Site do PDD: http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com
Artigo disponível em:
http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com/resources/MAU%20COMPORTAMENTO%20E%20AGRESSIVIDADE%20NA%20INF%C3%82NCIA.pdf
FONTE:http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=50
HARWARD UNIVERSITY
Harward proibiu seus médicos de fazerem certas parceiras com os laboratórios de medicamentos....
Folha, 23 de Julho de 2010.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
FEIJÃO OU FEIJOADA?
A feijoada é um dos pratos mais típicos da cozinha brasileira sendo comumente feita da mistura de feijão preto e de vários tipos de carne de porco e de boi. Chega a mesa acompanhada de arroz, farofa, couve refogada e laranja fatiada, entre outros ingredientes. Nas receitas mais sofisticadas não possui mais do que 30 ingredientes, incluindo-se os acompanhamentos e temperos. Mesmo aquele que não é cozinheiro, chef ou especialista em gastronomia sabe distinguir o feijão – principal ingrediente do prato – da feijoada completa. Ou seja, é consenso que feijão não é feijoada.A maconha, nome popular da planta cannabis sativa, possui mais do que 400 componentes, sendo que vários destes são denominados ‘canabinóides’ (substâncias que atuam nos receptores com este mesmo nome). Na primeira metade dos anos 60 foram determinadas as estruturas químicas dos principais canabinóides, incluindo o ∆9-tetrahidrocanabinol (∆9-THC), componente da droga responsável pelos efeitos psicoativos da planta. Atualmente são conhecidos cerca de 80 canabinóides, com outros efeitos, muitos deles com potencial terapêutico. Como exemplo, o canabidiol (CBD), um canabinóide que chega a constituir até 40% do extrato da maconha, apresenta vários efeitos opostos aos do ∆9-THC, tais como efeito ansiolítico e antipsicótico.
Ao contrário do ∆9-THC, o uso do CBD isoladamente não apresenta os efeitos típicos do uso da maconha, sendo que grupos brasileiros estão na vanguarda nas pesquisas sobre o potencial terapêutico desta substância. Atualmente estudos do CBD na doença de Parkinson, esquizofrenia, fobia social, estresse pós-traumático, tabagismo, epilepsia, depressão, entre outras condições estão sendo conduzidos no país. Pode-se assim dizer que os canabinóides são componentes da maconha, mas que ambos não são sinônimos. Ou seja, canabinóide não é maconha.
No começo do século passado, quando os princípios ativos da droga não haviam sido isolados, estratos de maconha foram comercializados por grandes laboratórios farmacêuticos para diversas indicações. Entretanto, as evidências disponíveis não justificam que fumar maconha possa servir para fins terapêuticos. Os estratos de maconha apresentam ampla variabilidade em sua composição, estabilidade e potência. Assim, seguindo os mesmos princípios da evolução da farmacoterapia, tem-se buscado o desenvolvimento de compostos canabinóides mais puros que permitam a dosagem mais precisa e aí reduzindo o risco de significativos efeitos colaterais indesejáveis.
A maconha é a droga ilícita mais utilizada na maioria dos países, sendo que dependendo da dose, o seu uso pode levar alguns indivíduos a desenvolverem sintomas psiquiátricos e alterações cognitivas transitórias. Embora controverso, o uso recreativo crônico da maconha, dependendo da dose, freqüência e precocidade do início, pode induzir alterações cognitivas duradouras e facilitar quadros psiquiátricos em usuários vulneráveis. Estudos longitudinais prospectivos realizados na Suécia, Inglaterra e Nova Zelândia sugerem uma associação entre o uso crônico de maconha e maior risco para o desenvolvimento de esquizofrenia. Hoje a síndrome de abstinência da maconha é uma condição reconhecida e sabe-se que alguns usuários podem vir a desenvolver dependência. As intervenções terapêuticas para esta condição – farmacológicas e não-farmacológicas – atualmente disponíveis demonstraram eficácia apenas modesta. Modernos estudos de imagem cerebral apontam para alterações no funcionamento cerebral com o uso crônico e recorrente da droga. Igualmente, complicações clínicas como câncer, problemas respiratórios, imunológicos entre outras também foram associados ao uso da maconha inalada.
Dessa forma, a afirmação de que atualmente existe conhecimento científico suficiente para a liberalização do uso medicinal ou recreativo da maconha no Brasil não é de fato verdadeira. Além disso, confunde e desinforma, pois considera a maconha e os canabinóides como equivalentes.
Todo debate científico a respeito da legalização da maconha, deveria necessariamente estar respaldado em dados empíricos baseado em experimentos clínicos e em estudos epidemiológicos. Quando a questão é abordada de forma politizada, com viés ideológico, ou pior ainda, levando-se fatos particulares de foro individual ou da lei para o debate científico, é no mínimo desnecessária e gera ainda mais confusão.
Os canabinóides e os medicamentos que atuem no sistema canabinóide cerebral têm mostrado possuir fantástico potencial e acredita-se que poderão beneficiar milhões de pessoas no mundo todo. O melhor entendimento dos mecanismos de ação dessas substâncias com a conseqüente legalização dos canabinóides poderá ser uma espetacular conquista científica, levando a significativa redução de sofrimento e melhor qualidade de vida a portadores de diversas doenças e transtornos. Por outro lado, o debate da legalização da maconha para fins recreativos só deveria ocorrer após a sociedade e a comunidade cientistas estar bem esclarecida das potenciais complicações da droga ou de sua eventual ausência de riscos. Porém, para isto é fundamental separar o joio do trigo; o feijão da feijoada ou – no caso – os canabinóides da maconha.
José Alexandre de Souza Crippa
Professor Doutor do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.
Fonte: http://www.uniad.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4384:maconha-feijoada-e-o-debate-sobre-a-legalizacao-das-drogas&catid=29:dependencia-quimica-noticias&Itemid=94
Risco de AVC aumenta até duas horas após o consumo de álcool (http://www.uniad.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4378:risco-de-avc-aumenta-ate-duas-horas-apos-o-consumo-de-alcool&catid=29:dependencia-quimica-noticias&Itemid=94)
Abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos: atualização para uma antiga evidência
Revista Brasileira de PsiquiatriaAlessandra Diehl; Daniel Cruz Cordeiro; Ronaldo LaranjeiraUnidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD), Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas (INPAD), Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil RESUMOOBJETIVO: Realizar uma atualização sobre o abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos. MÉTODO: Busca de artigos nas bases de dados eletrônicas Medline, The Cochrane Library Database, Lilacs, PubMed e SciELO, utilizando os descritores "marijuana abuse", "cannabis abuse", "psychiatric disorders" AND "mental disorders"; incluindo artigos que avaliaram ambas as exposições para abuso e dependência de cannabis e qualquer outro transtorno psiquiátrico. Foi considerado o período até dezembro de 2009. Revista Brasileira de Psiquiatria versão ISSN 1516-4446 Rev. Bras. Psiquiatr. vol.32 supl.1 São Paulo maio 2010 doi: 10.1590/S1516-44462010000500007
RESULTADOS: Observou-se que o abuso frequente de cannabis pode aumentar o risco para o desenvolvimento de esquizofrenia e de sintomas psicóticos crônicos, embora estes achados ainda careçam de comprovação. A cannabis parece ser uma das drogas de escolha de portadores de transtorno afetivo bipolar, sendo que é descrito que estados maníacos podem ser induzidos pelo seu consumo. O abuso de maconha também frequentemente co-ocorre em indivíduos com transtornos ansiosos, sendo que a relação de cronicidade destas condições e o consumo de maconha ainda é incerta. Para depressão ainda não existem evidências claras que apontem que o consumo de cannabis ocorre como forma de automedicação. Em indivíduos com transtornos psiquiátricos, há relatos de que o uso da cannabis pode exacerbar sintomas positivos, somar efeitos negativos no curso do transtorno, contribuir para pior adesão ao tratamento e levar a maior número de hospitalizações. CONCLUSÃO: O abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, transtornos do humor e ansiosos tem impacto negativo tanto na fase aguda quanto em fases mais avançadas destas condições, embora futuros estudos avaliando estas associações ainda sejam necessários.
Descritores: Cannabis; Abuso de maconha; Dependência (psicologia); Transtornos mentais
Introdução
Após a identificação do Δ9-tetraidrocanabinol (Δ9-THC) na CB1 e consequente descoberta do sistema endocanabinoide na década de 60 e com a posterior clonagem do receptor canabinoide década de 90, um volume crescente de pesquisas tem emergido Abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos focalizando o papel deste sistema em transtornos psiquiátricos, tais como esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar (TAB), depressão maior e ansiedade, entre outros1-4.
Vários estudos epidemiológicos têm verificado que indivíduos com transtornos mentais graves estão mais propensos a fazer uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas - especialmente a cannabis - quando comparados à população geral4-6.Por exemplo, pacientes com esquizofrenia são mais prováveis de fazerem uso abusivo de cannabis do que indivíduos saudáveis, sendo que há descrição de aumento de risco de abuso em 10,1% nesta população1,2,4. Nos pacientes em episódio maníaco esta taxa pode chegar a 14,5%, sendo que pode ocorrer em até 4,1% em sujeitos com depressão maior, 4,3% para transtorno do pânico e 2,4% em portadores de fobias1,2,4.
A associação entre o abuso de cannabis (idade de início, quantidade e duração da exposição) em pacientes com transtornos psiquiátricos vem sendo reconhecida como um possível fator de risco independente para o desencadeamento de episódios psicóticos agudos, prejuízos cognitivos, alterações comportamentais, exacerbação de sintomas e consequências negativas no curso dos transtornos7-9. Isto certamente pode ter implicações como fonte de novas linhas de pesquisas e para organização de serviços para pacientes portadores de diagnóstico comórbido10,11. Apesar das mudanças ocorridas nos serviços de saúde mental12, nota-se que as propostas de tratamento para aqueles pacientes que apresentam transtornos psiquiátricos comórbidos permanecem ainda sem uniformidade e frequentemente são incompatíveis com algumas intervenções psicofarmacológicas. Do mesmo modo, existe deficiência de propostas direcionadas a subgrupos específicos em diferentes settings de assistência. Como exemplo, apenas 12% dos pacientes com problemas relacionados à cannabis e com outras comorbidades recebem intervenções para os dois transtornos nos Estados Unidos da América (EUA)11, sendo que há uma carência de dados empíricos populacionais em países em desenvolvimento4.
Assim, o objetivo do presente artigo é conduzir uma atualização sobre o abuso e a dependência de cannabis em portadores de transtornos psiquiátricos.
Método
A busca de artigos foi conduzida nas bases de dados Medline, The Cochrane Library Database, Lilacs, PubMed e SciELO, utilizando os descritores "Marijuana Abuse", "Cannabis Abuse", "Psychiatric Disorders" AND "Mental Disorders".
A seleção de artigos incluiu aqueles sobre abuso e dependência de cannabis (maconha) relacionados a transtornos psiquiátricos até dezembro de 2009. Nenhuma limitação de idioma foi imposta. As referências dos artigos foram avaliadas a fim de identificar possíveis títulos não detectados na busca inicial.
Resultados
1. Esquizofrenia e psicoses
Os estudos epidemiológicos têm mostrado alta prevalência de abuso de cannabis em indivíduos portadores de psicoses13-15.Estas taxas alcançam 23% para uso corrente, 42,1% para uso na vida e 22,5% para abuso1.
Uma possível explicação, baseada principalmente em estudos de autorrelato, associa essas taxas elevadas ao uso da droga como uma forma de automedicação para pacientes com esquizofrenia, de acordo com o modelo de "alívio da disforia" e estados desagradáveis na esquizofrenia. Todavia, as evidências epidemiológicas disponíveis não apoiam esta hipótese.
Revisões recentes reproduzem a associação entre abuso de cannabis e desencadeamento de psicoses agudas, relatadas em estudos da década de 3014-16. Indicam, também, que o abuso frequente de maconha pode aumentar o risco para o desenvolvimento de esquizofrenia e sintomas psicóticos crônicos2,7,15. Este risco parece ser de 1,2 a 2,8 (95% IC, Odds Ratio), particularmente em indivíduos mais vulneráveis, sendo que a cannabis pode ser um fator de risco independente para o desenvolvimento de psicoses crônicas. Estes resultados são provenientes de estudos longitudinais que controlaram outros fatores de risco e relacionaram temporalidade, causalidade, força da associação, vulnerabilidade biológica e relação dose-efeito (dose, início e duração da exposição)2,7. O abuso de cannabis, portanto, pode ser considerado um dos elementos que compõem uma constelação causal que leva à esquizofrenia no adulto7.
Em indivíduos com esquizofrenia, o uso da cannabis pode exacerbar sintomas psicóticos (especialmente os positivos), induzir recaídas, piorar sintomatologia negativa no curso do transtorno e contribuir para pior aderência ao tratamento, levando a mais hospitalizações9,14,15.
Os prejuízos acadêmicos (baixo rendimento escolar e de aprendizagem), das habilidades profissionais, do desempenho social, neurocognitivos (motivação, planejamento, função visuoespacial, impulsividade, desatenção e hiperatividade) são observados tanto em indivíduos com transtornos psicóticos quanto em usuários regulares da droga2.
Estes prejuízos parecem ter menor chance de melhora quanto mais precoces forem às exposições ao abuso da maconha, particularmente durante a fase de desenvolvimento cerebral17 . Isto pode ser explicado pelo fato de que, por volta dos 16 anos, o sistema endocanabinoide alcança o ponto mais alto de densidade de receptores18,19. Assim, há a hipótese de que uma alteração crônica neste sistema (ex., diminuição da densidade de receptores CB1) pode gerar déficits neuropsicológicos e neurocognitivos permanentes2.
Um possível mecanismo neurobiológico para explicar o prejuízo do abuso de cannabis em portadores de esquizofrenia envolve a alteração da sinalização e funcionamento de canabinoides endógenos, como a anandamida e seus análogos. Outra possível explicação parece estar ligada a uma facilitação do sistema dopaminérgico mesolímbico e o envolvimento de outros neurotransmissores gabaérgicos e glutamatérgicos14. Apesar de vários modelos terem sido propostos para explicar a relação etiológica entre abuso de cannabis e psicose, até agora nenhuma hipótese conseguiu elucidar todas as associações adequadamente. Dessa forma, os pesquisadores têm atualmente sinalizado para a integração do sistema canabinoide nas atuais hipóteses etiológicas da esquizofrenia2,20.
2. Transtornos de ansiedade
Sabe-se que os sintomas ansiosos têm sido relatados como das reações adversas mais frequentemente relacionadas ao consumo de maconha21,22. Tal quadro é mais comum na intoxicação de usuários inexperientes e naqueles indivíduos que, após o abuso diário e pesado (pelo menos seis cigarros/dia), interrompem subitamente o uso da droga22.
As intoxicações agudas podem causar sintomas de ansiedade devido ao prejuízo no funcionamento cognitivo e alteração da percepção. Igualmente, a abstinência de cannabis também pode resultar em sintomas de ansiedade incluindo ataques de pânico, geralmente ocorrendo entre o segundo e sexto dia e com duração de 4 a 14 dias23.
O uso de cannabis parece contribuir para o surgimento de ataques de pânico precoces, em indivíduos vulneráveis. Isto pode ocorrer especialmente em adolescentes, cujo consumo contínuo pode resultar em sintomas ansiosos independentemente das características genéticas, individuais e do meio1,2,23.
A maconha está relacionada com os transtornos ansiosos por meio de possíveis interações entre o Δ9-THC e os neurotransmissores gabaérgicos, glutamatérgicos, serotoninérgicos e noradrenérgicos2,23. Estudos têm apontado para a existência de uma associação entre transtornos de ansiedade prévios e o consumo de cannabis. Esta situação contribui para o surgimento de um ciclo de "automedicação" e eventual piora dos sintomas ansiosos pré-existentes. Indivíduos com transtornos de ansiedade têm maior chance de usar cannabis para obter sensações de relaxamento e de redução da ansiedade. Paradoxalmente, o consumo progressivo e exagerado contribui para o aumento dos sintomas ansiosos, possivelmente devido a fatores relacionados à dose do Δ9-THC. Finalmente, a sintomatologia ansiosa pode ser um preditor de maior consumo de cannabis e desenvolvimento de dependência à substância1,23.
Apesar destas considerações, ainda permanecem dúvidas sobre a cronicidade destes sintomas, uma vez que existe uma carência de estudos longitudinais que avaliem desfechos clínicos em pacientes com transtornos ansiosos consumidores de cannabis2,23. Aparentemente, em indivíduos predispostos geneticamente a transtornos ansiosos, a cannabis poderia gerar alterações do sistema endocanabinoide, causando sintomas ansiosos persistentes23.
Os mecanismos pelos quais a maconha interfere com a ansiedade são complexos e ainda não completamente elucidados. Estes incluem possíveis interações entre o Δ9-THC e neurotransmissores não-canabinoides; uma relação dose-dependente do Δ9-THC; concentração de outros canabinoides, como o canabidiol, que apresenta efeitos ansiolíticos; entre outros2,23.
3. Transtornos do humor
A cannabis parece ser uma das principais drogas de abuso em pacientes comTAB. Comparados à população geral, pacientes com TAB parecem ter duas vezes mais chances de usar maconha na vida (34% vs. 64%) e maior risco de desenvolver sintomas de mania2.
Três teorias tentam explicar o consumo de maconha por pacientes com TAB2. A primeira hipótese refere-se a uma eventual hipersensibilidade às substâncias ilícitas: indivíduos com determinantes genéticos apresentariam maior vulnerabilidade ambiental, psicológica e biológica, de tal forma que mesmo o consumo de pequenas quantidades destas substâncias acarretaria consequências mais danosas a esta população. A segunda teoria é a da "automedicação"; semelhante à "teoria de alívio da disforia" na esquizofrenia. Este consumo aliviaria o quadro disfórico, evoluindo para dependência de cannabis com consequente piora da disforia inicial. A terceira hipótese é a teoria dos "múltiplos fatores", na qual baixo rendimento escolar, menores recursos econômicos, comprometimento de habilidades sociais e interpessoais, isolamento social e acolhimento por grupos nos quais o consumo de maconha é facilitado, entre outros, poderiam estar relacionados com o surgimento do transtorno ou serem consequência do consumo da cannabis1,2,24.
Até aqui, poucas pesquisas investigaram de modo sistemático o envolvimento fisiopatológico da cannabis no sistema endocanabinoide em pacientes bipolares. Alguns destes estudos relataram que o sintoma maníaco no início do quadro de TAB não é capaz de predizer que ocorrerá uso posterior de cannabis nesta população2. Alguns autores, baseados em correlações, sugeriram o uso de derivados da cannabis, como o canabidiol, para o alívio de sintomas de mania/depressão2. Entretanto, estudos iniciais com modelos animais e em humanos não comprovaram a utilidade deste canabinoide nesta condição25,26.
Existe menor evidência científica para a associação entre quadros depressivos e o abuso de cannabis2.Parecenãoexistirum aumento de risco de depressão associado aos usuários infrequentes4,27. No entanto, evidências apontam que o uso pesado e regular desta droga co-ocorre com depressão mais frequentemente do que ao acaso. Assim como para outros transtornos psiquiátricos descritos aqui, alguns estudos apontam que o consumo de maconha entre pacientes com transtornos depressivos ocorre como uma forma de "automedicação", apesar de que esta teoria nem sempre se sustenta com as pesquisas disponíveis até agora4,28.
Não existem evidencias sobre o envolvimento de sistemas neurotransmissores específicos na facilitação de transtornos depressivos. Provavelmente, os efeitos do abuso de cannabis relacionados ao aumento do risco de depressão são mediados mais por meio de aspectos sociais do que mecanismos fisiopatológicos característicos, uma vez que o abuso regular e precoce desta substância parece estar relacionado a situações ambientais diversas como desemprego, criminalidade e prejuízos educacionais1,4. Além disto, a comorbidade de depressão pode estar sendo subdiagnosticada, uma vez que a dependência de cannabis em alguns indivíduos pode mimetizar sintomas depressivos4.
Discussão
De forma geral, os trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90 traziam um predomínio de incertezas da relação desta substância com psicoses crônicas (principalmente a esquizofrenia); enquanto que os estudos Abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos mais recentes sinalizam para evidências mais consistentes desta relação2,4,29, apesar de ainda controverso. Para os transtornos ansiosos e do humor, os achados contrastantes e divergentes levam a ainda maiores incertezas, não permitindo assim generalizações2,23.
De qualquer maneira, as evidências disponíveis somam argumentos tanto para políticas de prevenção quanto para aquelas de legalização da cannabis. Os indivíduos mais jovens representam um grupo consumidor de maconha vulnerável para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, tendo maior risco de sofrer consequências adversas da exposição precoce a esta substância do que os consumidores adultos, o que pode gerar impacto negativo na vida acadêmica e no desempenho global. Assim, a legalização desta droga produziria maior oferta da mesma, expondo um número maior de pessoas ao consumo e, portanto, possivelmente às suas complicações, entre elas o desenvolvimento e agravamento de psicoses30-32.
Os sujeitos portadores de comorbidades psiquiátricas fazem parte de um grupo que leva a grandes desafios em qualquer tipo de tratamento11. Idealmente, os modelos de serviços de tratamento mais efetivos deveriam integrar a terapia psiquiátrica tradicional para psicoses e para abuso de substâncias, associando psicofarmacoterapia supervisionada, psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental, terapia familiar e motivacional, treinamento de habilidades sociais e grupoterapia com amostras homogêneas quanto aos diagnósticos. Além disto, seria desejável existirem residências terapêuticas para insucessos ambulatoriais4,10,11.
O desenvolvimento de diretrizes padronizadas (guidelines) para identificação de abuso de cannabis em populações psiquiátricas com o intuito de diminuir taxas de não detecção estão entre as principais recomendações para a prática clínica4,11.
Apesar de ainda controverso, pode-se dizer que os pesquisadores estão apenas começando a verificar por que o abuso de maconha pode ter efeitos danosos no curso de alguns pacientes com transtornos psiquiátricos, tanto nas fases agudas quanto crônicas2,33. Pontos adicionais de interesse de pesquisa clínica são as alterações dos endocanabinoides34 e a relação destes no aparecimento de sintomas, assim como análises de densidade de receptores CB1 em portadores de esquizofrenia2.
Conclusão
O abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, transtornos do humor e de ansiedade parece apresentar impacto negativo tanto na fase aguda quanto em fases avançadas destas condições2,4,35. Estratégias de prevenção primária, esforços de tratamento integrado e o desenvolvimento de estudos longitudinais devem ser estimulados a fim de ampliar evidências científicas e melhorar prognóstico em longo prazo.
Agradecimentos
Nossos sinceros agradecimentos pela valiosa colaboração da Escola de Idiomas Madrassy e seus amáveis professores que nos ajudaram na leitura de artigos em vários idiomas.
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cannabis_abuse_in_patients_with_psychiatric_disorders.pdf
Correspondência: Alessandra Diehl UNIAD Rua Botucatu, 394 - Vila Clementino 04038-001 São Paulo, SP, Brasil Tel./Fax: (+55 11) 5579-5643 E-mail:
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terça-feira, 20 de julho de 2010
ÉTICA
Harward proibiu seus médicos de fazerem certas parceiras com os laboratórios de medicamentos....http://ritarangel.blogspot.com/2010/07/harward-university.html
Veja exemplos para onde a falta de ética pode levar:
- http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/diariossecretos/conteudo.phtml?tl=1&id=1011461&tit=Em-ato-anticorrupcao-sociedade-apresenta-projeto-de-transparencia
- http://ritarangel.blogspot.com/2010/04/dia-da-educacao.html
- E, àquele, BÉÉÉÉÉÉ´´E, derrete conforme o dolé!BÉÉÉÉÉÉ´´E,derrete conforme o dolé!
Três especialistas norte-americanos vêm a Curitiba para falar sobre a relação entre virtudes morais e o dia a dia das empresas
Na esteira dos escândalos contábeis que abalaram os Estados Unidos no início dos anos 2000 - entre os quais o caso de maquiagem de dados conduzido pela Enron, os professores Alan Kolp e Peter Rea, do Baldwin-Wallace College, escreveram o livro "Integrity is a Growth Market" (Integridade é um mercado em crescimento, em uma tradução livre). Quase uma década depois, o tema continua em alta: a ética nos negócios voltou às páginas dos jornais com a recompensa milionária obtida por executivos que levaram alguns dos maiores bancos de investimentos dos EUA à falência no início da crise de 2008. Na próxima segunda-feira (26), Kolp e Rea estarão em Curitiba, acompanhados do executivo Pierre Jean Everaert, presidente honorário do conselho deliberativo da In-Bev, para o workshop "Integridade. Um mercado em crescimento", que será realizado no Cietep a partir das 8h30.
Os três especialistas vão apresentar pontos de vista diferentes sobre integridade nos negócios. Alan Kolp é professor de religião no Baldwin-Wallace College, localizado na região de Cleveland, e tem no currículo, além de um doutorado em Harvard, uma passagem de oito anos como pastor de uma igreja protestante. Peter Rea é chefe do departamento de Administração na mesma universidade, onde coordena diversos cursos de MBA e estuda planos estratégicos de negócios. Já Pierre Jean Everaert dedicou sua carreira à iniciativa privada. Trabalhou na Goodyear por 15 anos, passou pela vice-presidência da matriz da Philips na Holanda e foi presidente do conselho de administração da InBev, empresa com a qual ainda mantém vínculos.
"O objetivo do workshop é mostrar que os negócios podem ser feitos com ética e que isso deve ser parte da própria estratégia de sobrevivência das empresas", explica Gilberto Oliveira de Souza, diretor da pós-graduação da FAE Centro Universitário. O professor explica que o debate dos especialistas gira em torno de sete virtudes com raízes religiosas: coragem, fé, justiça, amor, prudência, esperança e temperança. Durante o workshop, que já foi apresentado em vários países, esses conceitos são levados à realidade do mundo dos negócios e explicados com exemplos práticos trazidos por Evereart. Para a plateia, é uma chance de observar a interação de visões diferentes sobre os conflitos éticos que existem no dia a dia das empresas.
O workshop "Integridade. Um mercado em crescimento", é uma realização da seção paranaense da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADVB-PR), FAE Centro Universitário, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e Rede Paranaense de Comunicação (RPC). Os ingressos custam R$ 150 -- os associados da ADVB-PR, alunos e ex-alunos da FAE, sócios do Clube do Assinante Gazeta do Povo, associados e filiados à Fiep contam com o preço especial de R$ 75.
Serviço - Workshop "Integridade. Um mercado em crescimento" - dia 26 de julho, no Cietep (Av. Comendador Franco, 1341), das 8h30 às 12 horas. Ingressos: R$ 150. Associados da ADVB-PR, alunos e ex-alunos da FAE, sócios do Clube do Assinante Gazeta do Povo, associados e filiados à Fiep pagam R$ 75. Mais informações: (41) 3085-3124 ou secretaria@advbpr.com.br.
http://www.fiepr.org.br/fiepr/News95content105583.shtml
ética deve estar no centro de tudo que fazemos. Essa é uma das reflexões do biólogo Humberto Maturana sobre seu livro Habitar Humano, escrito em parceria com a autora Ximena Dávila. Lançado na noite de quarta-feira (1º), em Curitiba, durante palestra promovida pela Unindus - universidade corporativa do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o livro apresenta seis ensaios de Biologia Cultural, que busca a compreensão da essência do viver humano e da natureza do conhecer.
Um trabalho de reflexão e explicação da matriz biológico-cultural da existência humana, a obra é considerada um convite intrigante à quebra de paradigmas e das verdades do senso comum, mitos da objetividade e os conceitos correntes sobre a realidade. Segundo os autores, o livro evoca a visão dos diferentes modos de viver, fundamentando o amor e negando as diferenças, o dualismo e a arrogância.
Presente no evento, o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, destacou a importância do trabalho como uma contribuição de grande valor para a humanidade. "Como empresário posso testemunhar a avaliação prática dessa linha de pensamento", afirmou o presidente.
Ele lembrou os resultados positivos alcançados com os trabalhos de desenvolvimento organizacional na empresa Nutrimental, quando esta passava por uma crise. "Os trabalhos do Maturana foram a base da pesquisa para o estudo de desenvolvimento organizacional para o nosso negócio", disse Rocha Loures.
Editado no ano passado em espanhol, o livro foi traduzido para o português por Edson Araújo Cabral e publicado pela editora Palas Athena, de São Paulo. Em Curitiba, poderá ser adquirido dentro de alguns dias nas maiores livrarias da capital. A obra também pode ser comprada pelo site da editora www.palasathena.org.
Biologia Cultural - Maturana e Ximena são os coordenadores do programa de Certificação em Biologia Cultural, oferecido pela Unindus, em parceria com o Instituto Matríztico, no Chile, do qual são docentes e co-fundadores. O programa, que abrange conteúdo e metodologia voltados para a inovação, tem como foco a gestão direcionada para a sustentabilidade organizacional e social atreladas ao desenvolvimento espiritual.
http://www.unindus.org.br/News544content69813.shtml
terça-feira, 13 de julho de 2010
segunda-feira, 12 de julho de 2010
VALOR
Tá pagando quanto?
O cardápio hoje é: "Siri na lata a la Suíça".
O que e valor?
Almoço de graça é bom?Eu gosto. Sempre quando viajo à Jacupiranga adoro comer à comido dos outros. Para a minha cunhada, carinhosamente chamada de LILA, costume pedir: "Ah!..., me faça aquele arroz, feijão e frango cozido que só você sabe!"
E, na minha casa? Quanto vale o prazer de colher ponkan, mexerica, kincan e jabuticaba no pé? O limão para o suco batido no liquidificador, nem se fala! O cheiro verde e a couve sempre á mão, vale quanto?
Certa vez, ao participar de uma dinâmica de grupo fomos conduzidos a pensar no momento mais alegre de nossas vidas. Para mim vieram as recordações dos jantares em família na casa do meu avô. E, olha não tinha perfeição nenhuma! Em outro grupo, éramos aproximadamente 200 pessoas. A mesma demanda. Musica ambiente e, no final à questão da palestrante: Agora vou jogar uma bola do palco. A quem pegá-la, solicito que diga ao grupo um dos momentos mais felizes de sua vida. Todos as respostas foram relacionadas a relacionamento. Donde podemos inferir que nossa felicidade depende muito mais de nossos relacionamentos do que do uso do plastiquinho on-line. Mas a nossa mente de macaco é um caso de polícia. A crise de 1930, já passou faz tempo, mas a Microsoft vai continuar promovendo a Obsolescência de seus computadores. Este é o seu papel no capitalismo. O q q eu quero? Ah! tô pagando!
terça-feira, 6 de julho de 2010
MEU VOTO
http://ritarangel.blogspot.com/2010_06_01_archive.html
Diversos fatores me levam a concluir que a ciência da saúde mental deve muito à humanidade. A minha esperiência e a discriminação dos pacientes é alguns desses. O último e, intrigante o suficiente para me fazer vir para este blog, escrever, foi o seguinte relato de caso que ouvi:
"O meu irmão está preso por tráfico. Não tem fiança. Na adolescência, ele começou a usar maconha mas, muito raramente. Ele sempre foi asssim muito ruím, não deixava nada barato. Desde muito pequeno me lembro de suas crises de raiva incontroláveis. Ele foi ficando atrasado a escola, até chegamos a ficar na mesma sala quando já alcançara os treze anos e, certa vez, ao errar uma questão a professora virou pra ele e disse: "Você é burro, mesmo". Sua reação foi imediata pegou a cadeira e a atirou na professora, quase matando-a. Minha mãe, também já cansada, chamou a polícia para prendê-lo. Deu o maior baile no policial. Quando este o conteve bateu sua cabeça na parede por diversas vezes (?). Ficou em um desses abrigo para menores até os dezoito anos. Agora se envolveu com uma mulher que traficava e acabou nesta. ao longo do tempo as coisas só pioraram. Eu gosto muito dele, pois dos meus irmãoes ele sempre foi o mais bom prá mim.
Qual o porcentual de presidiários com trantorno mental?
Poderia ser feito algum trabalho preventivo?
E desses seres que perambulam pelas ruas, que conforme demontrou-se em São Paulo, preferem esta, às casas de abrigo?
BANDIDO É BANDIDO, LOUCO É LOUCO? COMO ASSIM?
NASCE-SE BANDIDO INCORRIGÍVEL?
É possível fazer um trabalho de SAÚDE MENTAL PREVENTIVA DESDE A PRIMEIRA INFÂNCIA? COMO? NO SUS TEM?
Fonte:http://www.psiquiatriainfantil.com.br/
Dificuldades no diagnóstico de TDAH em .crianças:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852007000500004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Diagnóstico e tratamento de transtorno bipolar e TDAH na infância: desafios na prática clínica :http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852007000500005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Concordância entre relato de pais e professores para sintomas de TDAH: resultados de uma amostra clínica brasileira:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832009000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
O papel do divalproato de sódio no tratamento dos transtornos do humor: eficácia, tolerabilidade e segurança.http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol29/n1/42.html
MARINA SILVA
Se em algum momento podemos acreditar que somente o resultado interessa, registra-se neste blog, a importância da sua presença na política para a democracia. Sábia, responsável e consciente foi a Folha de São Paulo, ao lançar a sua coluna.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
LÁGRIMAS COM KFOURI
PAREDÃO DA GLOBO
A Globo está tendo conteúdo e você? Em plena era do conhecimento e da informação permanece ... ASSIM, ASSADO (http://ritarangel.blogspot.com/2010/04/assim-assado_03.html)?Bem. Vamos aos paredões. O mais recente, é de Brasília, chama-se: “Alexandre Garcia e Zileide Silva". Espero que os homens entendam o recado.....
Não sou fã do tradicional BB, mas, reconheço sua valia no divertimento e também para estudos comportamentais. Particularmente, o BB 2010, deu-nos uma aula da diversidade humano. Parabéns REDE GLOBO! Eu? Imagine ficar confinada com seres que não são perfeitos iguais a mim. Nem pensar. O que? Tá duvidando da minha santidade? SAiba que tá prá nascer padre mais santo do que eu. Que inveja do pênis que nada! Mais fácil ser aquilo que vivenciei com uma criatura de lábios grossos e bonitas iguais ao da mãe, quando esta se metidava ao experimentar peças de roupas compradas por seu marido: "Você pode até ser metida, mas, mais metida do que eu jamais será!". E, não é que essa criatura conseguiu e, venceu seu complexo de Édipo!Os meus paredões favoritos são dois:
Mamãe ama você e vamos combinar: presente, se ganha no aniversário, no dia da criança e no natal;
Trata-se do acordo entre José e Maria: “As crianças precisam de limites, vamos fazer uma combinação, falta de respeito será imediatamente punido. Sim, nós amamos você. Agora, vá para o seu quarto”.
Dona GM, preste atenção neste Sr Alfred Sloan! A minha caravan, eu gostei muito, espaçosa e confortável, mas bebe mais do que o Zé no botequim! Tenho verdadeiras histórias com ela. Um caso de amor antigo. Servia até para substituir o hotel. Mas, o consumidor, de hoje, quer carro fácil de estacionar e que utilize combustível ambientavelmente sustentável. Esse engravatado, não pode mais ficar aí implementada estratégias conforme Hitt, Ireland e Hoskisson, 2008. Com o apoio estratégico da Escola Unidos pela Boçalidade do Brasil do Bairro Alto. Sem usar essa coisinha linda, redondinha feito a bola, que Deus lhe deu. Em vê-lo a continuar a vê-lo a utilizar-se das consultorias verminadas, massificadas e kinadas, não quero nem pensar!
Creio em Deus Pai!
Por falar nisso, porque Pai Nosso, Ave Maria, vela de sete dias e Novenas, muito além da sexta-feira santa, se sabiá, sai de Mamirauá de mãos dadas com um uacari, cantando feito curió? E, escute aqui, a quaresma já passou mas o mercado de peixe continua aquecido. A demanda pela manjubinha do Ribeira vai aumentar. Afinal o pessoal tá preocupado com ômega 3, colesterol, pressão alta e, consequentemente, boa alimentação.Além do mais, vem cá, estudou, chorou, trabalhou e gozou junto, casou!Meu marido viajou à Fortaleza a negócios. Foi de avião e voltou de ônibus. Em cada parada me ligava dizendo: tô comendo cabra (?) à portuguesa, tô comendo, bode assado, tô comendo cabrito à milaneza e, embora não aprecie muito, mas, no caso, comia, sopa de bode!Eu, agora que estou na facurdade vou fazer uma parceria, e, inspirada em suas ligações escrever artigos assim:
Bééééééé! Derrete conforme dolé!
Bééééééé! Derrete conforme dolé!
Bééééééé! Derrete conforme dolé!
1984! DONDÉ?
E, PARIS?
Mas por enquanto, sem arregancia, só vai-verde!
Ainda tá brabinho por causa do primeiro parágrafo? Escute aqui, sabe com quem você tá falando? Sou professora, advogada, conheço fulano, cicrano e beltrano. E, pode continuar falando que starei gravando tudo prá usar no tribunal!
Santos 3x1. Neynar alcançou a pequena área e adentrou a trave com bolo e tudo. Mas eu pego o meu canhambegue abro o portão no controle remoto, o que que vejo do outro lado da rua, feito lixo? Sofá, cadeira, pámasoco (madeira do Amazonas), só posso ficar a ver Lady Laura e acabo entrando numa chuva de idéias e decido para de pensar nos tiéqforam no tic-comisso e tic-caquilo, prá ter tempo de pensar nos Quéqquéros e Quéqgózo, antes qu minha família decida chamar a empresa especializada em “Tudo Leva e Nada”, lá do Bairro Vertical Cremado, e, eu, em vez de ficar molhada ou ficar torrada.
O quê? Até a vida eterna?
Que nada!
Até qualquer hora!
A VERGONHA DOS USADOS
Certo dia, ao voltar com minha filha da terapia, avistei uma poltrona na calçada. Apenas mais um desses trecos que nós "humanos", atiramos por aí. Pensei com meus botões: "Seus pés devem ser de imbuia e perfeitos para reapreveitar para pés de um aparadouro". Mas minha vergonha não me permitiu recuperá-lo de seu abandono impróprio. Mas na calada da noite...Bem, poderia estar diante de um filme cujo nome seria:"A vida é Bela ", se esta fosse a minha verdadeira vergonha. Poderia ser oriunda de minhas origens: Há nordestina! Descendente de escravos! O que poderia se esperar de quem cresceu à margem do Rio Canha? Viu só? Seriam todos problemas umbigais. Neste contexto, bastaria um decreto do ministério da saúde: "Senhores obstetras...!".Nos últimos tempos tenho me sentido oprimida, mal atendida pela instituição de ensino superior na qual confiei o meu intelecto e desreipetada em meu direito de consumiradora e cidadã pagadora de impostos por parte do Estado. Mas, essencialmente, sinto dor e vergonha. Dor por saber que não se pode confiar na condição ética das pessoas que deveriam prestar-lhe serviços de qualidade. Aliás, Alfred Sloan te paga prá quê? Ou, são bonzinhos e trabalham de graça? Adaptaram-se à condiçao? Estariam gozando nela? Combinam-se? Não tá feliz aí? Vá pescar!VergonhaEscute aqui, políticos trabalham de graça? Uma empresa faz recrutamento, seleção, processo de adaptação ao clima organizacional, avaliação de desenpenho e, se for o caso, justa-causa. E lá, como é?Você tem sede de que?Que bom se minha vergonha fosse assim ... de políticos.Vergonha só de políticos? Acreditem !Tenho sentido vergonha de ser gente! Considero inaceitável o que vi. Esse pessoal das leis usando pessoas para alcançar seus objetivos tribunais-bolsais. Ainda tem aquelas consultorias mussificadas e kinadas. Alimentam o caus da sociedade em detrimento do seu acalento. Escute aqui! Olha lá fora! Confira bem! Você já ergueu o muro da sua casa? E câmara? Colocou? Ainda não? Há Mané! Então você não sabe que o feitiço virar contra o feiticeiro é questão de dias. Espere prá ver! Sim. Todos somos vítimas deste modelo de visão não sistêmico que vivemos. Hanna Arendt está certa“o homem seria o lobo do próprio homem”.’ Ora, afirma a pensadora. ‘nem a violência, ou o poder, são fenômenos naturais, isto é, manifestações de um processo vital; pertencem eles ao setor político das atividades humanas”.Não adianta levar vantagem. Bem, compre um carrão. Coloque vidro blindado. E seus filhos? Mande estudar no exterior. Tudo resolvido.Pouco conteúdo? É. Mas não derrete conforme o dolé. Aliás, peraí, eu tenho mais o que fazer, vou terminar de tirar o pé daquela poltrona. Daqui pouco vão dizer que sou esquizofrêmica. Será que não? Quer o atestado antes?Da patologia? Não. Este:"Amamos as coisas e usamos as pessoas".